Texto: Tim Baker / Tradução: Tiago Dias
Ok, aqui vai um rápido teste. Quanto você acha que custaria a ‘compensação de carbono’ da emissão de gases do efeito estufa em uma viagem de carro de 27.000 km em volta da Austrália? Em outras palavras, quanto você acha que seria preciso investir em energias renováveis para compensar a quantidade de dióxido de carbono jogado na atmosfera a partir dessa viagem?
A resposta? AUD 216,20 (cerca de R$ 400). Não muito, hein? Isso é todo o custo para compensar as 9.4 toneladas de dióxido de carbono produzido em nossa viagem. Cerca de 0.8 centavos por km. No entanto, este é uma ‘compensação de carbono’ voluntária que optamos adotar, o que é bem diferente do imposto do carbono introduzido recentemente pelo governo federal australiano. Mas é um conceito similar - cobrar das pessoas para a poluição que produzem e investir esse dinheiro para o desenvolvimento de energias limpas e renováveis. Acho que é difícil ver como isso irá destruir a economia, como os alarmistas prevêem.
Nós organizamos a nossa compensação de carbono através de uma empresa local, Climate Wave, que é especializada em gestão de eventos sustentáveis, com um interesse especial no surfe. Os Parceiros Greg Howell e Guil Araujo têm ambos uma longa história de trabalho para o meio ambiente, através Surfrider Foundation.
Eles, por sua vez, obteveram nossa compensação carbono através de uma empresa chamada Cleaner Climatic. Os 216,20 dólares foram investidos na Manjing Shangyi Windfarm em Shangyi County, China. São 33 turbinas que geram 49.500 KW que ajudaram na fonte de alimentação para os Jogos Olímpicos de 2008. Quando todas as suas 215 torres estiverem completas, será uma das maiores fazendas de vento na China, fornecendo energia para 600.000 pessoas.
"Nós pensamos que investir em energias renováveis tem muito mais estabilidade e valor para o futuro do que só plantar árvores só, pois há muitas variáveis quando se trata de ‘compensação de carbono’", Greg Howell, da Climate Wave, explica: "mesmo que o deslocamento tenha ido para um projeto chinês precisamos deles em todo o mundo, de modo que não importa onde os projetos são realizados".
Devido ao fato de ter sido tão barato e fácil fazer o compensação de carbono de nossa viagem, eu não poderia deixar de me perguntar por que todos nós não a fazemos isso? Uma das pessoas que tem feito isso é o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater, que, retrospectivamente, calculou suas viagens e compensação de carbono através do Carbonfund em 2007. "Eu tenho pensado sobre isso há anos, mas não estava realmente certo como fazê-lo", disse Kelly EUA revista Surfing, "eu fiz um cálculo breve de minhas viagens ao longo dos anos. Eu gasto cerca de duas semanas por ano voando no céu e boas milhas de carro, o que ambos somam um pouco diferente, mas no total, fiz cerca de 4 milhões de milhas, o que eu pensei que iria quebrar o banco quando o resultado final viesse. No entanto, isso representou cinco hectares de replantio que custa cerca de US $ 5500." Kelly disse, em seguida, que seu objetivo era fazer com que o Tour ASP inteiro faça a compensação de carbono de suas viagens e crie uma "floresta surf" que assim, a turnê neutra de carbono. Embora ele não tenha mais créditos de carbono em suas viagens, e desde então tem manifestado algumas dúvidas sobre a ciência do clima, ele permanece tão preocupado com o ambiente como sempre. "Eu não tenho certeza se o carbono no ar é a nossa maior preocupação, mas com certeza, não há dúvida, estamos jogando um monte de coisas sobre a Terra", ele disse-me recentemente. "Energia, comida e água são as nossas maiores necessidades. Temos que encontrar uma maneira de criar de forma sustentável e controlá-los para não arruinar a Terra e nossa qualidade de vida."
É gratificante ver os primeiros sinais de uma mudança verde penetrando na indústria do surf. O recente filme de surf "Manufacturing Stoke" destaca algumas das inovações em materiais e tecnologias mais limpas e verdes, mas também vividamente mostra o quão longe nós temos que ir.
A Billabong recentemente recebeu um Prêmio Líderes da Mudança da Conferência Global das Nações Unidas para a Mudança Social em Nova York, para a sua gama de programas ambientais e sociais - incluindo a sua auditoria da pegada de carbono da empresa global.
O Billabong Pro em Jeffreys Bay e o evento The Search Rip Curl em San Francisco são dois eventos que adotaram dedicada estratégias de gestão ambiental. O Rip Curl evento Searh, em particular, definir um novo marco - reciclagem e compostagem dos resíduos, utilizando biocombustível para geradores de eventos e de compensação de carbono da viagem de todos os participantes.
Greg Howell avalia estas iniciativas animadoras, mas ainda gostaria de ver a ASP fazer mais para promover a gestão sustentável de eventos. "Gostaríamos de ver ASP incorporar um prêmio de “melhor gestão sustentável de um evento", diz ele. Em tempos econômicos difíceis, muitas empresas acreditam que não podem dar ao luxo de adotar medidas ambientais, mas Greg diz que muitas vezes pode reduzir os custos: "normalmente, nós podemos mostrar-lhes poupança dentro do primeiro evento para cobrir os custos de nossas tarifas. Cada ano você fazer um pouco mais e um pouco mais e reduzir mais custos. Se eles querem dar passos de bebê, isso é a beleza da coisa, você não precisa ir em 100% no primeiro ano. Olhe onde sua energia está sendo desperdiçada. Na área de ‘catering’, a mudança a partir de plásticos de todos os novos produtos que estão disponíveis - polímeros vegetais, bambu."
É difícil argumentar que essas medidas sejam inacessíveis quando uma nação em desenvolvimento como a Indonésia está liderando o caminho. O Campeonato Indonésio de Surf agora tem uma estratégia de gestão ambiental para todos os eventos em seu circuito, para reduzir o desperdício e o uso de energia. "Esses caras têm feito um grande trabalho, se livrar de plástico, usando folha de bananeira, como nos velhos tempos, executando programas de educação nas escolas. Há coisas realmente maravilhosas acontecendo", diz Greg.
Não é difícil imaginar um momento no futuro não tão distante quando qualquer evento de surf ou negócios de surf que não tem alguns planos credíveis de gestão ambiental começará parecer arcaico. "Nós somos aqueles que têm que estar em sintonia com os elementos naturais mais do que qualquer outro esporte no mundo. Deveríamos estar levando a carga quando se trata de uma gestão sustentável dos nossos eventos", diz Greg.
Fonte: Coastalwatch
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Observação: no texto foi utilizado o termo ‘Compensação de Carbono’ para a tradução de ‘Carbon Offset’ ao invés de ‘Sequestro de Carbono’, pois esta trata-se de uma forma mais abrangente do tema, envolvendo investimento em energia renovável e não somente na remoção de gás carbônico.
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